sábado, 15 de outubro de 2011

Os Filhos do Átomo

Por Milena Azevedo - GHQ

Os X-men são uma franquia que sempre vai vender bem, tanto nos quadrinhos, quanto no cinema e na TV.
A adaptação para a telona, em forma de trilogia, ampliou a popularidade dos Mutantes e fez brilhar os olhos dos executivos da Twentieth Century Fox, que pensaram como seria viável a criação de uma nova trilogia, dessa vez um prequel, ou seja, contando a história do encontro entre os ainda jovens Charles Xavier e Erik Lensherr, o início da formação desse grupo de super-heróis e o seu desmembramento entre X-men e a Irmandade de Mutantes.
Até aí tudo bem, pois como os três filmes apresentaram o básico do universo dos X-men, essa nova trilogia poderia ser mais fiel aos quadrinhos, e a direção de Matthew Vaughn (Kick Ass – quebrando tudo) prometia boas sequências de ação.
Eis que estreia X-men: First Class (2011) e de cara a escolha dos primeiros alunos do Professor X já desagrada aos fãs. Quem acompanha os quadrinhos sabe que a primeira turma foi formada por Ciclope, Jean Grey, Fera, Homem-de-Gelo e Anjo, mas no filme Jean Grey, Ciclope, Homem-de-Gelo e Anjo foram substituídos por Mística, Destrutor, Darwin e Banshee. Como quase todos os Mutantes originais já haviam aparecido no primeiro filme, e com tantos outros Mutantes ainda não mostrados (nem no samba do crioulo doido do terceiro filme), os roteiristas não pensaram duas vezes em introduzir personagens que só décadas depois iriam se juntar à equipe. Transformar a Dra. Moira MacTaggart em uma agente da CIA, apesar de condizente com o roteiro, não foi uma ideia legal, da mesma forma que aproximar Mística e Xavier desde a infância foi uma forçação de barra.
Se os fãs fizerem vista grossa para esses (e outros) detalhes, X-men: First Class se torna um bom entretenimento. A sequência inicial, por exemplo, é um prelúdio da história de Magneto. Vemos um adolescente judeu, dentro de um campo de concentração, sendo separado de seus pais e manifestando seus poderes pela primeira vez. Ao presenciar o fato, um agente alemão (futuro Sebastian Shaw, dono do Clube do Inferno, interpretado com fina ironia por Kevin Bacon, podendo ser comparado ao Lex Luthor de Gene Hackman) faz inúmeros testes no adolescente, que dezoito anos depois, querendo vingança pelo assassinato de sua mãe, viaja o mundo a sua procura. Quando Erik Lensherr (Michael Fassbender, com uma atuação marcante) encontra Sebastian Shaw, descobre que ele está acompanhado de três outros Mutantes: Emma Frost (January Jones), Riptide (Aléx González) e Azazel (o pai do Noturno, interpretado por Jason Flemying). Ao tentar destruir o submarino de Shaw, Erik é contido e salvo por Charles Xavier, que lhe apresenta outros jovens com os genes alterados: Mística (Jennifer Lawrence) e Hank McCoy (Nicholas Hoult). Xavier está ajudando a CIA, a pedido de Moira MacTaggart (Rose Byrne), para descobrir os reais planos de Shaw, que está fazendo um acordo com os militares russos, além de detectar outros Mutantes ao redor do planeta.
Em meio a conversas durante partidas de xadrez, fica explícito que Xavier é racional e idealista, pregando a união entre humanos e Mutantes, enquanto Erik se deixa levar pela raiva e entende que os humanos nunca aceitarão os “Filhos do Átomo” entre eles, e evoca o orgulho de ser Mutante e de se rebelar. Isso em meio à Crise dos Mísseis de Cuba, fomentada por Shaw, que deseja criar a situação para uma 3ª Guerra Mundial, promovendo o aniquilamento do homem pelo homem, vislumbrando a vitória de um mundo Mutante.
Torna-se necessário escolher o lado pelo qual se quer lutar e inevitavelmente ocorre um racha na equipe. O fruto dessas escolhas será mostrado no próximo filme.
Os efeitos especiais são fantásticos e ninguém pode reclamar das cenas de ação e da homenagem aos uniformes originais (amarelo e azul), mas as licenças poéticas, em demasia, indubitavelmente deixarão um gosto amargo na boca dos fãs mais radicais.
Com X-men: First Class, percebemos como é delicado elaborar os roteiros para histórias que se passam antes das tramas já mostradas. Como na primeira trilogia houve uma mistura de arcos e a apresentação de personagens se deu numa ordem estranha à cronologia dos quadrinhos, como por exemplo, o Anjo, que só apareceu no terceiro filme como mero coadjuvante de seu pai, amarrar as pontas soltas ou não chocar informações se torna uma tarefa complicada, ainda que a premissa dessa nova trilogia tenha sido feita por Bryan Singer.

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