segunda-feira, 18 de julho de 2011

DC 75 Anos - Parte 2 de 3

A Era de Bronze, modernização e finalmente DC Comics!

Por


Jack Kirby, o Rei, na DC Comics


A Década de 1970 começou com uma grande surpresa para todo o mundo das HQs: Jack Kirby, o Rei dos Quadrinhos, foi contratado pela National ou DC, como preferir. O principal artista da Marvel aceitou um convite do Publisher Carmine Infantino, que lhe ofereceu total liberdade criativa. Este foi o fim da dupla Stan Lee & Jack Kirby e como alguns estudiosos apontam, o início da rixa entre os dois.


O primeiro trabalho de Kirby na nova editora foi a edição #133 de Superman’s Pal Jimmy Olsen, de outubro de 1970. Na revista, que mostrava as aventuras de Jimmy Olsen, Kirby, logo na estréia, resgatou a Legião Jovem, criação sua junto a Joe Simon nos anos 40. Logo depois, ele criou seus próprios personagens: Os Novos Deuses. Seus personagens originais foram publicados em três novos títulos: New Gods, Forever People e Mister Miracle. Junto de Superman’s Pal Jimmy Olsen, essas revistas formavam o chamado Quarto Mundo de Kirby.


(Homenagem de um fã às criações de Kirby para DC)


Os títulos tinham tramas interligadas, onde Kirby desenvolveu a mitologia dos Novos Deuses. Foram criações dele: Nova Gênese, Apokolips, Pai Celestial, Órion, Darkseid, Sr Milagre, Grande Barda e outros. Porém, o Quarto Mundo não se tornou o sucesso esperado pela editora, Kirby deixou as revistas, que foram canceladas. Alguns apontam como causa disso a complexidade das tramas ou até o excesso de novos conceitos. Antes de voltar para a Marvel, o Rei criou mais personagens como Kamandi, Etrigan, o Demônio,Omac e reformulou Sandman.


A Era de Bronze: Era de Modernização


Ao contrário da transição anterior de Era de Ouro para Era de Prata, a Era de Bronze começou sem que as revistas que vinham sendo publicadas tivessem sido interrompidas. Contudo, nenhuma revista entrou na Era de Bronze ao mesmo tempo.


Para alguns pesquisadores, a Era de Bronze começou em 1969, quando Robin deixou Batman para ingressar na faculdade e teria terminado em 1985, com a Crise das Infinitas Terras. Já para outros, a Era de Bronze começa em 1973, tendo como fato relevante o enfraquecimento do Comics Code, que após a sua revisão em 1971 permitiu, por exemplo, a volta de séries de terror. A DC surpreendeu ao abordar temas polêmicos como o uso de drogas ao mostrar Ricardito como um viciado e ao jogar os Titãs contra as drogas, que estavam destruindo os jovens americanos na época.


A Era de Bronze foi marcada por modernizações na DC Comics. O Superman passou por uma grande modernização após Julius Schwartz ter assumido as rédeas das revistas do Homem de Aço: Action Comics e Superman. O herói teve uma substancial perda de poderes. O ser que era considerado um deus com níveis absurdos de poderes, agora chegava “mais perto” dos humanos. Ao mesmo tempo, a Kryptonita foi eliminada de suas histórias. Outra forma de modernizar o herói, o alter-ego dele, Clark Kent, começou a trabalhar em uma rede de televisão. Falando em Superman, o Capitão Marvel, cujas publicações foram proibidas devido a um processo da DC, que acusava a Fawcett Comics de plagiar o Superman com o herói mágico, foi adquirido pela DC e logo passou a ser publicado em um titulo próprio, o herói logo ganhou uma Terra exclusiva para seu universo, a Terra S. Superman e Capitão Marvel chegaram a se encontrar em 1978.


Ainda nos anos 70, as primeiras sementes para o selo Vertigo foram plantadas. Foi com o enfraquecimento do Comics Code, foram criados personagens que viriam a fazer parte do selo adulto da editora como Monstro do Pântano e outros. Até Jack Kirby deixou sementes para a Vertigo com a reformulação de Sandman. Muitos dos conceitos estabelecidos por Kirby para Starman foram usados por Neil Gaiman, como Brute e Glob, o Sandman uniformizado, etc.


A editora não apenas atacava nos quadrinhos, como também na TV. O desenho de Super Amigos, produzido pelos estúdios Hanna-Barbera, estreou em agosto de 1973 e faz sucesso até hoje. O retorno do Capitão Marvel, Shazam, fez com que a CBS lançasse um seriado do herói e logo depois a ABC produziu um seriado da Mulher Maravilha, com a linda Lynda Carter no papel da heroína amazona.


Em 1975, a DC e a Marvel publicaram sua primeira publicação juntas: a adaptação do filme o Mágico de Oz. Logo depois, as duas editoras publicaram seu primeiro crossover: Homem Aranha vs. Superman, em 1975. Logo depois publicaram uma continuação deste, Batman vs Hulk e anos mais tarde X-Men & Novos Titãs.


Além desses crossovers, Superman se encontrou com Muhammad Ali.


DC Comics, finalmente!


Em resposta as vendas estrondosas da Marvel, o Publisher da DC, Carmine Infantino promoveu uma série de mudanças editoriais, desde novos formatos de HQs, como a criação de edições com 100 páginas e até renovações na logomarca. Desde 1970, a editora tinha deixado de estampar o selo “DC” nas capas e passou a exibir ícones dos principais personagens; apenas em 1973 o selo voltou, alterado, e apenas dois anos depois, mudou novamente.


Porém, a maior mudança foi a substituição de Carmine por Janette Kahn, vinda do segmento de livros infantis. Foi ela quem rebatizou a editora com o nome DC Comics – até então a editora era chamada de National Periodical, mas conhecida por DC, devido a Detective Comics. Janette encomendou uma nova logomarca, um escudo com quatro estrelas que permaneceria até 2005.
Ela também foi responsável pelo cancelamento de 30 títulos de uma só vez.


Em 1978, Superman: O Filme estreou com o slogan “Você vai acreditar que um homem pode voar”. Dirigido por Richard Donner e com o até então desconhecido Christopher Reeve no papel do maior herói do mundo, o filme teve no elenco estrelas como Marlon Brando (Jor-El), Gene Hackman (Lex Luthor), Glen Ford (Jonathan Kent) e Terence Stamp (Zod). O longa foi indicado a três Oscars, mas apenas ganhou um prêmio especial pela Academia devido a seus efeitos especiais. Considerado por muitos como a melhor adaptação de um personagem de HQs para o cinema, o filme foi um grande sucesso e rendeu pouco mais de US$ 300 milhões nas bilheterias de todo o mundo. Curiosamente, o sucesso no cinema não aumentou as vendas dos gibis do herói. Falando no Homem de Aço, foi durante a Era de Bronze que Jerry Siegel e Joe Shuster, com a ajuda de Neal Adams e Jerry Robinson, ganharam da DC uma pensão anual vitalícia, plano de saúde e finalmente passaram a serem creditados como criadores do Superman em gibis, produtos, cinema, seriados, livros, etc. Superman #302 (agosto de 1972) foi o primeiro gibi a estampar os créditos para a dupla.


Ainda como parte das reformulações de personagens, Batman foi modernizado por Denny O'Neil e Neal Adams, que deixaram o Homem Morcego mais próximo da sua concepção original dos anos de 1930.


Em 1979, a DC inovou mais uma vez a indústria das HQs ao publicar The World of Krypton, a primeira mini-série de quadrinhos. A editora ganhou maior flexibilidade nos títulos.


Com o início dos anos 80, a DC resolveu modernizar a Turma Titã. Em 1980, a Editora DC Comics contratou os grandes artistas Marv Wolfman e George Pérez para revitalizar a "Turma Titã". Os Novos Titãs estrearam em 16 páginas inseridas numa HQ do Superman, na revista DC Comics Presents. Poucos anos após a Turma Titã ter se debandado, Ravena convenceu Robin a reunir o grupo através de um sonho. Com alguns membros da Turma original e novos personagens como Ravena, Estelar e Cyborg, a revista The New Teen Titans se tornou o maior sucesso da DC Comics na época. O grupo teve momentos memoráveis como: O Contrato de Judas (1984) e a Saga de Trigon (1986). Ainda na revista, surgiram vilões importantes da DC: Exterminador, Trigon e Irmão Sangue. Sem contar Terra.


Em 1984, a DC Comics adquiriu os personagens da Charlton: Besouro Azul, Questão, Sombra da Noite, Pacificador e Capitão Átomo. Os heróis ganharam uma Terra exclusiva: A Terra 4. Curiosamente, Alan Moore queria usar esses personagens em Watchmen, porém, Dick Giordano não autorizou o escritor britânico e com isso ele teve que criar novos personagens para a obra que é considerada a melhor HQ de todos os tempos.


A cronologia da DC, graças ao Multiverso, era uma bagunça, foi então que Marv Wolfman e George Pérez foram encarregados de botar ordem na casa com Crise nas Infinitas Terras, que comemoraria os 50 anos da editora, com a publicação da saga que é considerada a melhor de todas, pôs fim a Era de Bronze.

Algumas fontes consultadas: Torre Titã, Multiverso DC, Jack Kirby Museum, Mundo dos Super-Heróis #23-Dossiê DC 75 Anos (Editora Europa)


A Era de Prata, reformulação científica


Com o fim da guerra, a moda dos super-heróis começou a perder forçar para a ficção cientifica. Para sobreviver, a National Periodical Publications, como passou a ser chamada após a fusão de editoras, foi obrigada a cancelar títulos de seus super-heróis e buscou novos ramos. Em 1950, a editora lançou Strange Adventures, sua primeira revista voltada para a ficção cientifica. A idéia da publicação foi dada pelo editor Julius Schwartz, que foi um dos criadores do Time Traveller, uma das primeiras fanzines da história, criada em 1932. Shwartz esteve entre os fundadores da Worldcon, a primeira convenção de ficção cientifica do mundo, realizada anualmente desde de 1939.


Com HQs sobre alienígenas, dimensões paralelas e viagens no tempo, Strange Adventures se tornou um estrondoso sucesso. Em 1951, na edição de número 9 da revista foi apresentado o herói mutante Capitão Cometa, que logo se tornou um dos destaques do título, um sinal da volta, porém lenta, dos heróis.


(Frederic Wertham)
Em 1954 chegava às livrarias dos EUA, o livro Seduction of Innocent, livro escrito pelo psicólogo Frederic Wertham, que iniciou uma verdadeira guerra contra os quadrinhos. A obra destacava a influência negativa dos quadrinhos nas crianças. Os principais gêneros de HQs acusados eram os policiais e de terror, mas nenhum gênero foi poupado. Segundo Wertham, Batman e Robin eram gays, Mulher Maravilha causava desvios sexuais e Superman era um mau exemplo, pois fazia com que crianças tentassem desafiar as leis da física tentando imitar os poderes do herói de Krypton. O livro foi tão repercutido que uma comissão do Senado americano foi criado para investigar as acusações de Frederic. Para debater as acusações, a CMAA (Comics Magazine Association of America) criou o Comics Code Authority, um extenso conjunto de regrar do que poderia ser mostrado nas revistas. Com isso, antes de publicarem seus títulos, as editoras deveriam enviá-los a CMAA, que analisava se o material estava de acordo com o código. Os aprovados recebiam o direito de incluir em suas capas um selo de aprovação.


Graças a tal, muitas histórias de heróis, principalmente do Batman, foram amenizadas, se tornaram infantis. O Comics Code apenas começou a perder força na década de 1960.


Com a pressão do Comics Code às HQs de terror e policiais, que eram os sucessos da época, a National, que usava como logo “Superman-DC-National Comics” (DC de Detective Comics), percebeu que aquele era o momento ideal para relançar seus antigos super-heróis. Julius Schwartz aceitou o projeto com uma única condição, reformular o personagem escolhido para o relançamento. E desta forma, em 1956, na edição número 4 da revista Showcase, surgia o novo Flash. Criado por Robert Kanigher, John Broome e Carmine Infantino, Barry Allen, o novo Flash, tinha sua origem relacionada à ficção cientifica, assim como quase todos os heróis reformulados. O novo Flash se tornou um grande sucesso e ele foi responsável pela volta da popularidade dos super-heróis. Com seu surgimento, se dava início a Era de Prata.


Um dos grandes sucessos da DC nos anos 50 era Superboy, publicado na revista Adventure Comics. Em 1958, na edição 247, estreou a Legião dos Super-Heróis, uma equipe do futuro que tinha jovens poderosos vindos dos pontos mais distantes do universo como membros. A equipe, inicialmente coadjuvantes do Superboy, se tornou um grande sucesso entre os jovens.


A boa aceitação de Flash fez com que a National revivesse heróis que outrora fizeram sucesso na Era de Ouro. Em 1959, Schwartz reformulou o Lanterna Verde. Esteando em Showcase #22, o novo Lanterna também tinha origem cientifica. Agora, o Lanterna se chamava Hal Jordan e fazia parte de uma tropa de patrulheiros espaciais, a Tropa dos Lanternas Verdes.


A década de 60 havia chegado. Os heróis, graças a National, estavam em alta novamente. Mais uma vez sob a coordenação de Julius, mais super heróis eram reformulados e novos eram criados, como o Caçador de Marte, um alienígena, o último filho de Marte. Voltando no tempo, ao reunir numa equipe os principais heróis, a SJA fez um grande sucesso. Foi daí que partiu a idéia da mais nova revitalização de Julius. Em The Brave and the Bold #28, foi apresentada a Liga da Justiça. O criador Gardner Fox mudou o nome de sociedade para liga, influenciada pelas ligas de baseball e futebol americano. A equipe reunia os novos Lanterna Verde, Flash e Caçador de Marte e os “experientes” Superman, Batman, Aquaman e Mulher Maravilha. O mascote era Snapper Carr. A equipe, que enfrentava ameaças de outros mundos, dimensões e eras, se tornou um grande sucesso e foi responsável pelo interesse da Marvel em lançar heróis. Além disso, o sucesso da LJA fez com que mais heróis fossem reformulados: Gavião Negro, Arqueiro Verde, Elektron e causou a volta dos sidekicks, os parceiros mirins dos super-heróis.


Com isso, Aqualad, Kid Flash, Moça Maravilha, Robin formaram a Turma Titã, uma espécie de LJA mirim. Mais tarde, Ricardito, parceiro de Arqueiro Verde, adentrou a equipe.


Então na antologia história Flash de dois mundos, publicada em Flash # 123, um improvável encontrou ocorreu. O novo Flash, Barry Allen, encontrou Joel Ciclone, o Flash da Era de Ouro. Para explicar tal encontro, foi explicado que Joel, assim como os outros heróis da Era de Ouro que se aposentaram, viviam num mundo paralelo, a Terra 2. Logo depois, a LJA e a SJA se encontraram e em seus encontros anuais, descobriram mais Terras e mais e mais. Assim surgiu o Multiverso infinito de Terras da DC.


No fim dos anos 1960, a era de prata chegava ao fim, a Era de Bronze surgia no horizonte.

Algumas fontes consultadas: Mundo dos Super-Heróis #23 -Dossiê DC 75 Anos (Editora Europa)

A Era de Ouro, o início de tudo

Há 75 anos, em fevereiro de 1935, era lançada nos Estados Unidos a revista, New Fun: The Big Comic Magazine 1, pela National Allied Publications, criada pelo major Malcolm Wheeler-Nicholson. Isto deu origem a mais famosa e poderosa editora de quadrinhso do mundo, a DC Comics. A editora criou um conceito inédito de aventuras fantásticas, mais brilhante, mais idealista e, principalmente, muito mais poderoso — em vários sentidos. Nascia a era dos quadrinhos estadunidenses e, com ela, o conceito de super-heróis. Casa de heróis como Superman, Batman, SJA e outros, a editora comemorou 75 anos nesse ano e agora, com um pouco de atraso (eu sei, rsrsrs), inicio o especial DC 75 Anos. Começando agora:

O início de tudo, a Era de Ouro


A DC Comics nem sempre se chamou assim. Criada pelo major Malcolm Wheeler-Nicholson, um ex-militar que se aventurou no mundo editorial. Em 1934, com o lançamento de Famous Funnies, uma publicação de tamanho gigante que reimprimia tiras de jornais, o major, no intuito de pegar carona com o sucesso da publicação, decidiu criar a empresa National Allied Publications, a precursora da DC Comics. A primeira publicação da National foi a revista New Fun, que tinha formato tablóide (cerca de 25,5 cm X 38) e 36 página, que chegou nas bancas em fevereiro de 1935. Ao contrario das outras editoras que publicavam reimpressões de trás, Wheeler-Nicholson lançou uma revista que trazia apenas material inédito e foi a primeira publicação do ramo a trazer anúncios.


A revista, New Fun, publicava histórias de humor e aventura, como Pelion e Ossa, Jigger e Ginger, Jack Woods e Barry O’Neill. No sexto número houve o debut de Jerry Siegel e Joe Shuster, os futuros criadores do Superman, que iniciaram sua carreira com o mosqueteiro "Henri Duval" e sob pseudônimo de "Leger e Reuths", as aventuras do combatente sobrenatural do crime Dr. Oculto, considerado por muitos o primeiro super-herói da editora.


A publicação não era um material extraordinário e tampouco lembrava os gibis de super heróis, mas mesmo assim, o número 1 vendeu o suficiente para a National lançar novos quadrinhos como New Comics, em dezembro de 1935, que saiu em um tamanho mais próximo ao dos atuais quadrinhos. A partir do número 12 (janeiro de 1937), New Comics mudou o nome para New Adventure Comics e na edição 32, de novembro de 38, para Adventure Comics.


Em 1936, a editora do major anunciou para dezembro seu terceiro título: Detective Comics. Porém, o adiamento do lançamento do número de estréia de Detective para 1937 dava sinais que algo não ia bem para a editora de Malcolm. Encontrar um lugar no mercado era difícil. Proprietários de bancas de jornais eram relutantes em estocar material com conteúdo desconhecido do público por uma editora desconhecida. As devoluções eram altas e problemas econômicos causavam grandes atrasos entre lançamentos de novas edições. O ex-militar sofria uma grande crise financeira, tanto na vida profissional como na pessoal. A crise era tão grave que certa vez, um artista de editora chegou a dar 10 dólares para a mulher de Nicholson para que ela pudesse pagar o leiteiro, que iria cancelar a entrega de leite para os filhos pequenos do major.

(Harry e Jack)
Para quitar um débito com Harry Donenfeld – um publicador de pulps e um dos donos da distribuidora Independent News- Nicholson foi obrigado a aceitá-lo como sócio, apenas desta maneira poderia publicar Detective Comics #1. Com isso, foi formada a Detective Comics, Inc. registrada pelos proprietários Nicholson e Jacob “Jack” S. Liebowitz, o contador “laranja” de Donenfeld, que não estava com a documentação em ordem para assumir a empresa. Praticamente, a National, a Independent e a Detective eram a mesma editora.


Em março de 1937, Detective Comics #1 chegou nas bancas com a estréia do vilão Fu Manchu, criação de Sax Rohmer.


Existem duas versões para a saída de Malcolm da editora. Uma relata que problemas financeiros e a Grande Depressão forçaram Nicholson a vender sua parte do negócio pra Donenfeld e Liebowitz em 1937. Porém, a outra versão, como relatado pelo pesquisador Gerard Jones no livro Homens do Amanhã, afirma que no começo de 1938, Donenfeld mandou o major e sua esposa num cruzeiro pra Cuba para conseguir inspiração para novas idéias. Quando voltou Nicholson encontrou seu escritório fechado. A explicação para tal foi que durante sua ausência, Donenfeld processou-o por inadimplência e com a ajuda de seu amigo juiz, Abe Mennen, conseguiu rapidamente a venda dos ativos da National para a Independent. Com uma forma de silenciar e desejar sorte ao major, Harry vendeu ao ex-sócio uma porcentagem da revista More Fun Comics, novo nome da New Fun.


A National acabou e agora se chamava apenas Detective Comics e era propriedade de Liebowitz e Donenfeld. Em 1938, Jack Liebowitz fundou a All-American Publications junto a Maxwell Charles “Charlie” Gaines. A All-American era uma empresa-irmã da Detective, já que as duas partilhavam o mesmo logotipo e os mesmos materiais.


Então, Jerry Siegel e Joe Shuster,que já trabalhavam na National, viram a história de seu Superman, que havia sido recusada meses antes por outras editoras, virar realidade. Os criadores de Superman, Siegel e Shuster, fizeram algumas alterações em Superman, que havia aparecido em Science Fiction # 3, fanzine de Jerry Siegel (Na ocasião, o personagem era careca, telepata e mau), e o apresentaram de novo. No entanto, a HQ acabou na imensa pilha de matérias a serem analisados de um escritório de distribuição de tiras de jornais. Resgatada e apresentada ao editor Vincent “Vin” Sullivan, que comprou da dupla por uma módica quantia. Harry Donenfeld tratou de lançar na primeira edição de seu novo título, Action Comics #1 de junho de 1938, o herói Superman. Action Comics #1 foi um sucesso imediato e Superman, o primeiro dos super-heróis, deu o pontapé inicial no período conhecido como Era de Ouro.


Com o sucesso de Superman, alguns meses depois, os editores da Detective encomendaram a Bob Kane, pseudônimo de Robert Khan, um novo herói. Ao lado do escritor Bill Finger, criou o herói mascarado e sem poderes, Batman. Inicialmente, o plano de Bob era lançar Bird-Man, mas seguindo conselhos de Bill, Bird foi transformado em Batman. Estreando na edição 27 de Detective Comics, com data de maio de 1939, Batman tornou-se um estrondoso sucesso. Curiosamente, Kane apresentou a idéia do herói aos editores e acabou levando todos os créditos da criação do personagem.


A Era de Ouro dos quadrinhos havia começado. Superman, já um grande sucesso, ganhou um programa de rádio e um desenho produzido pelos estúdios de Max Fleischer na década de 1940. O sucesso no rádio e no cinema fez a circulação do herói nos quadrinhos e tiras de jornais aumentar no mundo inteiro. Na mesma década ainda surgiu Superboy e um seriado para cinema, onde o último filho de Krypton era protagonizado por Kirk Alyn.


Enquanto isso, Batman ganhava um parceiro, Robin, em Detective Comics #38 de abril de 1940. Batman logo depois ganhou uma respeitada galeria de vilões, entre eles o mais famoso foi Coringa, criado na primeira edição da revista Batman, de 1940. E mais uma revista foi publicada, World’s Finest Comics, que trazia diversos heróis da DC, mas os principais eram Superman e Batman. Curiosamente os dois só se uniriam em 1954.


A editora All-American, coligada da Detective, lançou em janeiro de 1940, Flash Comics, que apresentou heróis como o primeiro Flash, Joel Ciclone no Brasil, Gavião Negro, Johnny Trovoada, Mulher-Gavião, Canário Negro, etc. Já na Adventure Comics surgiu Homem-Hora e Starman. Enquanto em More Fun Comics estreavam Espectro, Aquaman, Sr Destino e Arqueiro Verde. Por fim, na revista All American Comics surgiram Lanterna Verde I, Átomo e Doutor Meia-Noite.


Com a intenção de promover seus diversos heróis, a editora encarregou Gardner Fox de criar uma equipe que pudesse reuni-los. Assim, em All Star Comics #3,uma edição com mais páginas que as outras publicações, publicada no inverno de 1940, surgiu a Sociedade da Justiça da América, a primeira equipe de super-heróis dos quadrinhos.


A equipe tinha como membros: Joel Ciclone, Gavião Negro, Lanterna Verde, Homem-Hora, Sandman, Átomo, Espectro, Johnny Trovoada como mascote e com o tempo, se juntariam Mulher Maravilha, Dr Meia-Noite e Starman.


A “novata” Mulher Maravilha foi criada por William Moulton Marston, psicólogo e criador do detector de mentiras, na edição 8 de All Star Comics de dezembro de 1941.


Com a Segunda Guerra Mundial estourando, os heróis da DC Comics, entraram na guerra lutando contra as forças do eixo.


Apesar do grande sucesso da All American, Gaines e Liebowitz discordavam freqüentemente sobre os rumos da editora e como Gaines achava que com o fim da Segunda Guerra Mundial os heróis sairiam de moda, ele quis diversificar seus títulos, acabou jogando desistindo da editora e vendeu sua parte para seu sócio. A All-American acabou sendo anexada a Detective. A união dessas duas empresas formaram o que é atualmente a poderosa base da DC Comics.


Algumas fontes consultadas: Mundo dos Super-Heróis #23 - Dossiê DC Comics 75 Anos (Editora Europa); Coleção DC 75 Anos: A Era de Ouro (Editora Panini)

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...